"A arte deve antes de tudo e em primeiro lugar embelezar a vida, portanto, fazer com que nós próprios nos tornemos suportáveis e, se possível, agradáveis uns aos outros: com essa tarefa em vista, ela nos modera e nos refreia, cria formas de trato, vincula aos não educados as leis de convivência, de limpeza, de cortesia, de falar, de calar a tempo certo." Nietzsche

Oscar Wilde



Disse Oscar Wilde a André Gide ao sair da prisão: – A minha vida é uma obra de arte. Um artista não recomeça duas vezes a mesma coisa ou, se recomeça, é um falho. A minha vida antes da condenação foi, quanto possível, perfeita. Agora é uma coisa completa. Mas teria um país o direito de ir ao encontro do poeta, realizando o crime de condená-lo, só porque incapaz de compreender a sua obra? Não fizeram outra coisa os bárbaros que sucessivamente entraram em Roma, quebrando mármores, esfarelando mosaicos, torcendo bronzes, desventrando túmulos. E essa obra era de fato mais perversa que qualquer outra grande obra? Não. Toda grande obra plástica é uma perversão do sentimento geral porque o modifica melhorando-o. Não foi Leonardo um perverso criando um sorriso e um olhar que dizem coisas infinitas? Há nada de mais perverso que o Perseu de Benevenuto? O reler uma biblioteca de varias épocas seria uma lição da perversão que melhora e sugere outros estados da alma. O percorrer as galerias d’arte é sentir palpável a perversão fazendo nascer outras ideias e outros prismas da vida. Quando porém o artista é gênio, como Shakespeare, como Phidias, como Cellini, como Boticelli, como Buonaroti, como Murillo, como Goya, como Balzac, a sua obra eternamente age através as épocas, modificando temperamentos, sistemas de moral, pervertendo a atual num sonho de melhor, e sempre com prismas novos e novos aspectos.