"O
que é a maldade? É impedir alguém de fazer o que ele pode, é impedir
que este alguém efetue a sua potência. Portanto, não há potência ruim,
há poderes maus. E talvez todo poder seja mau por natureza. Não, talvez
seja muito fácil dizer isso. Mas mostra bem a ideia da confusão entre
poder e potência é arrasadora, porque o poder sempre separa as pessoas
que lhe estão submissas, separa-as do que elas
podem fazer. Tanto que foi deste ponto que partiu Spinoza: 'A tristeza
está ligada aos padres, aos tiranos...' [...] Por aí, existe uma
história do pensamento. E o que é este poder de padre e em que está
ligado à tristeza? Segundo Nietzsche, o padre se define desta forma: ele
inventou a ideia de que os homens estão num estado de dívida infinita."
"Pensamentos dispersos, embora sistematicamente
ordenados, sobre diversos temas".
Os últimos dias de Nietzsche
Nietzsche
Após o último golpe, em Torino, em janeiro de 1889 , sob a forma de apoplexia, Nietzsche foi levado para um asilo, mas logo sua mãe o tomou para viver sob seus cuidados, viveu com ela até ela morrer em 1897, quando então foi levado para Weimar para passar os últimos anos de vida com a irmã, com a paz e a tranquilidade que nunca tivera quando permaneceu são. Certa vez, pegou a irmã chorando enquanto olhava para ele, e não entendeu o motivo das lágrimas: " Lisbeth", perguntou ele, " por que choras? Não somos felizes ?" Em certa ocasião, ouviu falar em livros; seu rosto pálido animou-se: " eu também escrevi uns bons livros" — e o momento lúcido passou.
Morreu em 1900. Raramente um homem pagou um preço tão alto pelo gênio.
Resumido de Will Durant, A História da Filosofia
Emil Cioran
"Quando ouvimos Bach, vemos Deus nascer... Depois de um oratório, de uma cantata, de uma paixão, Deus tem que existir. E pensar que tantos teólogos e filósofos desperdiçaram noites e dias procurando provas da existência de Deus, esquecendo-se da única!".
Emil Cioran
Sêneca
"A companhia da multidão é nociva: há sempre alguém que nos ensina a gostar de um vício, ou que, sem que percebamos, transmite-nos esse vício por completo ou em parte. Quanto mais numerosas forem as pessoas com as quais convivemos, maior é o perigo. "
Sêneca
Imagem: A morte de Sêneca, de Manuel Dominguez Sanchez (1871)
Horace Walpole
"
"Este mundo é uma comédia para os que pensam, uma tragédia para os que sentem - por isso Demócrito ria e Heráclito chorava "
Horace Walpole
Imagem: Auto-retrato (c.1629) de Rembrandt intitulado O Jovem Rembrandt como Demócrito, o Filósofo que Ri. & Heráclito por Peter Paul Rubens (c. 1635-1637)
"Este mundo é uma comédia para os que pensam, uma tragédia para os que sentem - por isso Demócrito ria e Heráclito chorava "
Horace Walpole
Imagem: Auto-retrato (c.1629) de Rembrandt intitulado O Jovem Rembrandt como Demócrito, o Filósofo que Ri. & Heráclito por Peter Paul Rubens (c. 1635-1637)
Padre Antônio Vieira
"A dor moderada solta as lágrimas, a grande as enxuga, as congela e as seca. Dor que pode sair pelos olhos não é grande dor; por isso não chorava Demócrito, e, como era pequena demonstração da sua dor, não só chorar com lágrimas, mas ainda sem elas, para declarar-se com o sinal maior, sempre se ria. Nada digo que seja contrário aos princípios da verdadeira filosofia e da experiência. A mesma causa, quando é moderada e quando é excessiva produz efeitos contrários: a luz moderada faz ver, a excessiva cegar; a dor que não é excessiva rompe em vozes, a excessiva emudece. Desta sorte, a tristeza, se é moderada, faz chorar, se é excessiva, pode fazer rir; no seu contrário temos o exemplo: a alegria excessiva faz chorar, e não só destila as lágrimas dos corações delicados e brandos, mas ainda dos fortes e duros. Quando Minúcio, livre do cativeiro, apareceu ao seu exército, que era o romano: In laetitiam tota castra effusa sunt, ut prae gaudio militibus omnibus lacrymae manarent¹ - diz Plutarco. Pois, se a excessiva alegria é causa do pranto, a excessiva tristeza, por que não será causa do riso? A ironia tem contrária significação do que soa: o riso de Demócrito era ironia do pranto: ria, mas ironicamente, porque o seu riso era nascido de tristeza, e também a significava; eram lágrimas transformadas em riso por metamorfoses da dor; era riso, mas com lágrimas, como aquele de quem disse Estácio: Lacrymosos impia risus audiit². Na guerra morrem muitos soldados rindo, e a razão é, diz Aristóteles porque são feridos no diafragma: não ria Demócrito como contente: ria como ferido; recebia dentro do peito todos os golpes do mundo, e tão mal ferido ria."
Padre Antônio Vieira, Cartas
[1] Todo o exército se alegrou tanto, que vieram lágrimas aos olhos dos soldados (Plutarc. in Fab.).
[2] A ímpia (Eurídice) ouviu teu riso mesclado de lágrimas (Estácio, Tebaid., liv. VI, 165). Imagem: Padre
Antônio Vieira, desenho de Candido Portinari, 1944.
Francis Bacon
"E
então, talvez, eu tenha um sentimento de mortalidade todo o tempo. Mas
você está ciente da morte da mesma forma como está ciente da vida. Você
está ciente da morte como se fosse jogar uma moeda - cara e coroa, vida e
morte. E eu estou bem ciente disso tudo sobre as pessoas, e sobre mim
também. Eu sempre me surpreendo quando eu acordo pela manhã."
Francis Bacon
Carmina Burana-"In Trutina"- Carl Orff (Tradução)
Na balança os sentimentos oscilam
Um contra o outro;
Amor lascivo e pudor.
Mas escolho o que vejo,
E coloco meu pescoço sob o jugo;
Ao jogo suave todavia me submeto.
Nietzsche
" Não sei fazer diferença entre lágrimas e música, não sei imaginar a felicidade, o sul, sem um frêmito de temor.
Recostado na ponte, uma bela tarde,
Na noite escura, refletia.
Ao longe, uma canção;
No espelho das águas pululavam
Gotas de ouro reluzentes,
Gôndolas, luzes e músicas -
Ebriamente balouçavam no crepúsculo...
Diante disso, minha alma, como lira
Tocada por mão invisível, cantava
Em segredo, para si
Uma canção de gondoleiro,
Estremecendo de confusa ventura.
— Alguém escuta?..."
Nietzsche
Lamento de Ariadne
Quem me aquece, quem me ama ainda?
Dê a mim mãos ardentes!
Dê a mim um braseiro para o coração!
Estendida na terra, estremecendo-me,
como uma meio morta a quem se aquece os pés,
agitada, ai, por febres desconhecidas,
tremendo perante glaciais flechas agudas de arrepios,
caçada por você, pensamento!
Inominável! Escondido! Aterrador!
Você caçador entre as nuvens!
Fulminada na terra por você,
Olho sarcástico que me olha desde o escuro!
Assim estou jacente
dobrada, retorcida, atormentada
por todos os martírios eternos,
ferida,
por você, o mais cruel caçador,
seu desconhecido, deus…
Fira mais fundo!
Fira de novo!
Corte, recorte este coração!
Para que vem este martírio
com flechas de dentes redondos?
O que olha outra vez
sem se cansar do tormento humano
com malévolos olhos de raios divinos?
Não quer você matar,
somente martirizar, martirizar?
Para que martirizar a mim,
malévolo deus desconhecido?
Ah, ah!
Você se aproxima sinuoso
semelhante à meia-noite?...
O que quer?
Fale!
Aperte-me, oprima-me,
ah! já está muito próximo!
Ouça-me respirar,
espie meu coração,
ciumento!
— mas, ciumento de que?
Fora, fora!
para que a escada?
você quer subir
penetrar, até o coração,
subir até meus mais
secretos pensamentos?
Devasso! Desconhecido! Ladrão!
O que quer levar roubando?
O que quer levar escutando?
O que quer levar atormentando?
você, atormentador!
você, deus carrasco!
Ou como um cão devo
esfregar-me contra o chão diante de você?
Submissa, admirada fora de mim
balançar o rabo por amor?
É inútil!
Fira-me outra vez,
aguilhão o mais cruel!
Não sou seu cão, só sua presa,
caçador o mais cruel!
sua mais orgulhosa prisioneira,
bandido detrás das nuvens…
Fale afinal!
Você, escondido com o raio! Desconhecido! fale!
O que quer, salteador, de mim?...
Como?
Um resgate?
O que quer de resgate?
Você pede muito, aconselha-o meu orgulho!
E fala pouco, aconselha-o meu orgulho!
Ah, ah!
sou eu quem você quer? Eu?
eu inteira?
Ah, ah!
E me martiriza? Louco que você é, louco!
Re-martirize meu orgulho?
Dê a mim o amor, quem me aquece ainda?
quem me ama ainda?
dê a mim mãos ardentes,
dê a mim um braseiro para o coração,
dê a mim, à mais solitária,
à que o gelo, ai! sete camadas de gelo
ensinam a somar inimigos,
dê, sim, entregue,
inimigo o mais cruel,
dê a mim, a você!
Acabou-se!
Então fugiu ele,
meu único companheiro,
meu grande inimigo
meu deus carrasco!...
Não!
volte!
Com todos os seus martírios!
Todo o curso de minhas lágrimas
escorre até você,
e a última chama de meu coração
para você re-acende.
Oh, volte,
meu deus desconhecido! minha dor!
Minha última felicidade!...
Um raio. Dionísio aparece com esmeraldina beleza.
Sê prudente, Ariadne!...
Tu tens orelhas pequenas, tens as minhas orelhas:
Mete nelas uma palavra prudente! —
Não temos que odiar-nos primeiro, para podermos amarmo-nos?...
Eu sou o teu labirinto...
Imagem: Dionísio e Ariadne, de Antoine-Jean Gros (1821)
Nietzsche, Ditirambos de Dionísio
Heinrich Heine
O TÉDIO
Paciente: Venho doutor, fazer-lhe uma consulta.
A doença que me punge e esteriliza a mocidade e o espírito,
Resulta de uma chaga que nunca cicatriza.
Muito embora comum a toda gente, a de que sofro, atroz hipocondria,
Tanto me torna pensativo e doente, que já não sei o que é paz nem alegria...
Sendo o mais sábio clínico do mundo, sois também um filósofo notável, do Peito humano auscultador profundo, curareis este mal inexorável.
Que me destrói o organismo fibra-a-fibra
Que me enevoa o cérebro e o condensa.
Eu tenho um coração que já não vibra
Suporto uma cabeça que não pensa.
Este tédio mortal, tédio agoureiro,
Que me envenena, que me escurece os dias,
É como os beijos dado a dinheiro, numa noite de orgias.
Doutor: O amigo tem razão, padece realmente
Contudo a enfermidade, o morbus que o devora,
É um produto fatal do século de agora.
Uma emoção vibrante, um abalo violento, pode cura-lo
Creio. Apenas num momento. O tédio é uma sombria, uma
Fatal loucura. É a treva interior, a grande noite escura.
Onde se esquece tudo. A sorte, a vida amada.
O nosso próprio ser e só se lembra o nada.
— diga-me. Alguma vez amou?
Nunca em seu peito estrugiu das paixões o temporal desfeito ?
Como as vagas de um mar que se agita e encapela, ao soturno rumor do vento.
E da procela?
Paciente: Nunca.
Doutor: Pois meu caro. Procure a agitação constante.
Um prazer esquisito, um gozo triunfante.
Já visitou a Grécia, o Oriente a terra santa ?
Os sítios onde tudo hoje evoca e decanta, as glorias uma idade imorredoura
E eterna, que amesquinha e deslumbra a geração moderna ?
Paciente: Em híbridos festins passei a mocidade. Percorri viajando, o mundo
E a humanidade, como Judas da lenda.
E entre as mulheres todas, cujos lábios beijei
Em bacanais e bodas,
Mulher nenhuma eu vi sobre a terra tamanha
Que para mim não fosse uma visão estranha.
Como parti voltei. Sem achar lenitivo para este mal doutor.
Que assim me traz cativo.
Doutor: Frequente o circo, amigo. A figura brejeira do famoso Arlequim,
Que a esta cidade inteira palmas e aclamações constantemente arranca.
Talvez lhe restitua a gargalhada franca.
Paciente: Vejo doutor, que o meu caso é perdido.
O truão de que falas, o palhaço querido
Que anda no Coliseu assim tão aclamado, tem um riso
De morte, um riso mascarado, que encobre a dor sem fim
Do tédio e do cansaço... sou eu este Palhaço.
Martins Fontes
IMAGENS DAS IMAGENS
É o meu cigarro um típico resumo
da ilusão entre as suas mutações.
De violetas ou rosas o perfume,
e esta é a maior das minhas distrações.
Provo-o, aspiro-o, enganando-me. E, no fumo,
vejo em volutas as evoluções
da fantasia a divagar sem rumo,
dispersa em mil volatizações.
Fulgiu, queimou, viveu, mas de fugida.
E o prazer produzido foi mendaz,
sua consolação dissaborida.
E, finalmente, em cinza se desfaz,
e é como tanta coisa, que há na vida,
uma delícia que não satisfaz.
MARTINS FONTES
É o meu cigarro um típico resumo
da ilusão entre as suas mutações.
De violetas ou rosas o perfume,
e esta é a maior das minhas distrações.
Provo-o, aspiro-o, enganando-me. E, no fumo,
vejo em volutas as evoluções
da fantasia a divagar sem rumo,
dispersa em mil volatizações.
Fulgiu, queimou, viveu, mas de fugida.
E o prazer produzido foi mendaz,
sua consolação dissaborida.
E, finalmente, em cinza se desfaz,
e é como tanta coisa, que há na vida,
uma delícia que não satisfaz.
MARTINS FONTES
Rainer Maria Rilke
"Pergunta se os
seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras
pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se
quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando
da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor
está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento.
Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho.
Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine
se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si
mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a
si mesmo na hora mais tranquila de sua noite: 'Sou mesmo forçado a escrever?'
Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder
contestar àquela pergunta severa por um forte e simples 'sou', então construa a
sua vida de acordo com esta necessidade."
Rilke, Cartas a um jovem poeta
Nietzsche
"O cristão comum. – Se o cristianismo tivesse
razão em suas teses acerca de um Deus vingador, da pecaminosidade
universal, da predestinação e do perigo de uma danação eterna, seria um
indício de imbecilidade e falta de caráter não se tornar
padre, apóstolo ou eremita e trabalhar, com temor e tremor, unicamente
pela própria salvação; pois seria absurdo perder assim o benefício
eterno, em troca de comodidade temporal. Supondo que se creia realmente
nessas coisas, o cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não
sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não
mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo."
Nietzsche, Humano, demasiado humano.
Nietzsche, Humano, demasiado humano.
Bertolt Brecht
A Queima dos Livros
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda a parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queima-me! escreveu com pena veloz, queima-me!
Não me façais isso! Não me deixes de fora! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda a parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder.
Queima-me! escreveu com pena veloz, queima-me!
Não me façais isso! Não me deixes de fora! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
Franz Kafka
Franz Kafka
Gerald F. Lieberman
"O homem, na sua ansiedade de refutar a evidência de que é um macaco, reforça a crença de que é um burro."
Gerald F. Lieberman
Rousseau
"Eu tinha ido passar alguns dias no campo, na casa
de uma boa mãe de família que muito cuidava
de seus filhos e de sua educação. Certa manhã em que me achava presente às
lições do mais velho, seu governante que muito bem o havia instruído acerca da
história antiga, voltando à de Alexandre, caiu no caso bem conhecido do médico
Filipe, que se pôs em quadro e valia a pena. O governante, homem de mérito, fez
sobre a intrepidez de Alexandre várias reflexões que não me agradaram e que eu
evitei discutir para não desacreditá-lo no espírito de seu aluno. À mesa, não
deixou, segundo o método francês, de fazer com que muito extravagasse o menino.
A vivacidade natural à sua idade e a espera de um aplauso fizeram com que
dissesse mil tolices, através das quais ocorriam algumas saídas felizes que
faziam esquecer o resto. Finalmente ouve a história do médico Filipe. Ele a
contou precisamente e com muita graça. Depois do tributo natural de elogios que
a mãe exigia e que o filho esperava, comentou-se o que tinha dito. A maioria
censurou a temeridade de Alexandre; alguns, a exemplo do governante, admiravam
sua firmeza, sua coragem; o que me induziu a compreender que nenhum dos
presentes via em que consistia a verdadeira beleza do gesto. Para mim, disse,
parece que não há nisso a menor coragem, a menor firmeza na ação de Alexandre.
Não passa de uma extravagância. Então todo mundo se juntou e conveio em que era
uma extravagância. Eu ia responder e me exaltar, quando uma mulher que estava
ao meu lado e não tinha aberto a boca, se voltou para mim e disse bem baixo ao
ouvido: Cala-te Jean- Jacques, eles não te compreenderão. Olhei-a,
impressionei-me e me calei."
ROUSSEAU. Emilio; ou, Da educação,
págs 101 e 102
Eça de Queiroz
" Esta expressão 'leitura', há
cem anos, sugeria logo a imagem de uma livraria silenciosa, com bustos de
Platão e Sêneca, uma ampla poltrona almofadada, uma janela aberta sobre os
aromas de um jardim; e, neste retiro austero de paz estudiosa, um homem fino, erudito, saboreando linha a linha o seu
livro num recolhimento quase amoroso. A ideia da leitura, hoje, lembra apenas
uma turba folheando páginas à pressa, no rumor de uma praça."
Eça de Queiroz
Nietzsche
'Vim
aqui, meus amigos, para que vos canseis das alheias palavras que tereis
aprendido dos embusteiros e dos insensatos.
Para que vos canseis das palavras “recompensa”, “represálias”, “castigo”, “vingança na justiça”.
Para que vos canseis de dizer que “uma ação é boa porque é desinteressada”.
Ai, meus amigos! Esteja o vosso próprio ser na ação como a mãe no filho; seja esta a vossa palavra de virtude!
Verdadeiramente, eu tirei-vos com palavras os mais caros brinquedos da vossa virtude; e agora fazeis “beicinho” como as crianças.
Brincavam à beira-mar e veio a onda e levou-lhes os brinquedos para as profundezas. Agora choram.
A mesma onda, porém, lhes trará novos brinquedos, e espalhará aos pés deles novas conchas coloridas!
Assim se consolarão, e vós também, meus amigos, tereis como eles vossos consolos — e novas conchas coloridas!”'
Assim falou Zaratustra/Dos Virtuosos
Para que vos canseis das palavras “recompensa”, “represálias”, “castigo”, “vingança na justiça”.
Para que vos canseis de dizer que “uma ação é boa porque é desinteressada”.
Ai, meus amigos! Esteja o vosso próprio ser na ação como a mãe no filho; seja esta a vossa palavra de virtude!
Verdadeiramente, eu tirei-vos com palavras os mais caros brinquedos da vossa virtude; e agora fazeis “beicinho” como as crianças.
Brincavam à beira-mar e veio a onda e levou-lhes os brinquedos para as profundezas. Agora choram.
A mesma onda, porém, lhes trará novos brinquedos, e espalhará aos pés deles novas conchas coloridas!
Assim se consolarão, e vós também, meus amigos, tereis como eles vossos consolos — e novas conchas coloridas!”'
Assim falou Zaratustra/Dos Virtuosos
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