"Foi-te oferecida a escolha entre a exigência de superação do Übermensch
de Nietzsche e a degradação do Üntermensch em Hitler. Berrando 'Viva',
escolheste o Üntermensch.
Foi-te dado a escolher entre a constituição genuinamente democrática de Lenin e a ditadura de Stalin escolheste a ditadura de Stalin.
Tiveste a escolha entre a elucidação de Freud da origem sexual das tuas perturbações emocionais e a sua teoria da adaptação cultural. Escolheste a sua filosofia cultural, que não te trazia qualquer apoio, e esqueceste a teoria sexual. Pudeste escolher entre a magnificente simplicidade de Cristo e Paulo, com o seu celibato para os padres e o seu casamento indissolúvel. Escolheste o celibato e o casamento indissolúvel esquecendo a mulher simples que pariu seu filho, Jesus, apenas por amor. Tiveste a escolha entre a concepção de Marx da produtividade do teu poder de trabalho como única fonte do valor dos produtos e a concepção de Estado. Esqueceste a tua força de trabalho e escolheste a idéia de Estado...
E o que tens agora, Zé Ninguém?"
Foi-te dado a escolher entre a constituição genuinamente democrática de Lenin e a ditadura de Stalin escolheste a ditadura de Stalin.
Tiveste a escolha entre a elucidação de Freud da origem sexual das tuas perturbações emocionais e a sua teoria da adaptação cultural. Escolheste a sua filosofia cultural, que não te trazia qualquer apoio, e esqueceste a teoria sexual. Pudeste escolher entre a magnificente simplicidade de Cristo e Paulo, com o seu celibato para os padres e o seu casamento indissolúvel. Escolheste o celibato e o casamento indissolúvel esquecendo a mulher simples que pariu seu filho, Jesus, apenas por amor. Tiveste a escolha entre a concepção de Marx da produtividade do teu poder de trabalho como única fonte do valor dos produtos e a concepção de Estado. Esqueceste a tua força de trabalho e escolheste a idéia de Estado...
E o que tens agora, Zé Ninguém?"
"Sentes-te infeliz e medíocre, repulsivo, impotente, sem vida, vazio. Não
tens mulher e, se a tens, vais com ela para a cama só para provar que
és 'homem'. Nem sabes o que é o amor. Tens prisão de ventre e tomas
laxantes. Cheiras mal e a tua pele é
pegajosa, desagradável. Não sabes envolver o teu filho nos braços, de
modo que o tratas como um cachorro em quem se pode bater à vontade. A
tua vida vai andando sob o signo da impotência, no que pensas, no teu
trabalho. A tua mulher abandona-te porque és incapaz de lhe dar amor.
Sofres de fobias, nervosismo, palpitações. O teu pensamento dispersa-se
em ruminações sexuais. Falam-te de economia sexual. Algo que te entende e
poderia ajudar-te. Que te permitiria viveres à noite a tua sexualidade e
que te deixaria livre durante o dia para pensar e trabalhar. Que te
faria ter nos braços uma mulher sorridente em vez de desesperada, ver os
teus filhos sãos em vez de pálidos, amorosos em vez de cruéis. Mas
quando ouves falar de economia sexual dizes: “O sexo não é tudo. Há
outras coisas importantes na vida”. És assim, Zé Ninguém.'
"Não és tu que persegues a 'mãe solteira' como uma criatura imoral, Zé
Ninguém? Não és tu que estabeleces uma distinção severa entre as
crianças 'legítimas' e as crianças 'ilegítimas?' Pobre criatura, que não
entendes as tuas próprias palavras - ou
não és tu que veneras o Cristo enquanto criança? Cristo menino, que
nasceu de uma mãe que não possuía certificado de casamento? Sem fazeres
ideia de que assim seja, como veneras no Cristo criança o teu desejo de
liberdade sexual! Fizeste do Cristo criança, nascido ilegitimamente, o
filho de Deus, que não reconhece a ilegitimidade de crianças. Para logo
em seguida, como Paulo, o Apóstolo, perseguir os filhos nascidos do amor
e proteger sob a alçada das leis religiosas os nascidos do ódio. És
realmente um desgraçado, Zé Ninguém!"
-Wilhelm Reich in Escuta, Zé Ninguém